Natal: Uma história

Fim do ano é sempre uma época em que as pessoas ao redor do mundo se reúnem para comemorar. E quando eu digo sempre e ao redor do mundo, é exatamente isso que quero dizer.

Desde há 15 mil anos, os seres humanos têm uma relação muito especial com certa entidade que "mora no céu": o Sol.

Nós não somos bobos nem nada, e percebemos logo de cara que aquela estranha bola brilhante era responsável pela existência de muita coisa que a gente precisa pra sobreviver — luz, calor, comida... — e, por isso mesmo, sempre fizemos nossa vida em torno dele (Ei! Coinciência?)

Quando resolvemos começar a pensar sobre o tempo, o Sol e tudo o que estava ao redor dele serviram de guias para a nossa jornada: Lua, estrelas, constelações e até aqueles estranhos brilhos fraquinhos que pareciam não se comportar como o resto do céu e que, por isso, batizamos de planetas — que, em grego, significa errante.

Até o pensamento místico foi guiado por esse astro: Dionísio, Átis, Krishna, Mitra, Hórus, Zoroastro e tantos outros deuses de tantas religiões teimam em nascer nessa mesma época do ano. Isso acontece porque é exatamente quando, no hemisfério norte, os dias do inverno param de diminuir, ficam quase iguais por três dias e, então, começam a crescer na direção da primavera. É uma época de comemoração, porque dias mais longos significam colheitas maiores, mais animais em atividade e maior tempo para coleta e outras tarefas. É o que a gente chama de solstício de inverno.

Foi das inúmeras comemorações pagãs desse evento que o catolicismo bebeu para criar suas tradições e convencionar a data de nascimento de seu próprio messias: só na Idade Média a Igreja resolveu fazer um concílio pra uniformizar as comemorações do nascimento de Jesus, que em cada lugar aconteciam em uma data diferente. Isso foi estabelecido pelo calendário Juliano, não pelo Gregoriano que a gente utiliza (o que significa que o Natal passou muito tempo sendo comemorado no dia 4 de janeiro); dar presentes na época era um costume romano, trazer pinheiros pra dentro de casa, era do druidismo. Até a estrela que conduziu os reis magos (que nunca são citados na Bíblia como sendo três, isso saiu da Cabala) saiu do Zoroastrismo. Entre muitas e muitas outras coisas.

O que eu quero dizer com isso tudo é que não importa se você tem uma religião ou só acredita em fatos: no final do ano, todos estamos comemorando por termos conseguido sobreviver, juntos, a épocas ruins. E esse é o verdadeiro significado do Natal.


Pra terminar, deixo você com a mais tocante canção natalina que eu conheço, escrita por um comediante ateu. Senhoras e senhores, com vocês, Tim Minchin!

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